Até hoje, quando escutamos o nome do cineasta indiano M. Night Shyamalan, muitos pensam em filmes de grande sucesso, como Corpo Fechado e O Sexto Sentido. Outros, em seus fracassos, como Dama na Água e Fim dos Tempos. Quando o assunto é Shyamalan, os times são sempre muito bem divididos: aqueles que amam e aqueles que odeiam. Porém, mesmo como grande fã do indiano e gostando da maioria de seus filmes, faço parte da pequena parcela de fãs conscientes: que amam o diretor, mas acham que às vezes ele faz umas porcarias de verdade.
Shyamalan fez seu debut com filmes excelentes, tornando-se famoso muito rápido. Porém, após os sucessos de O Sexto Sentido (1999) e Corpo Fechado (2000), lançou o suspense Sinais (2002). Alguns o consideram como sendo um filme ruim e que foi desse ponto em diante que ele começou a decair, mas ainda assim o filme é sem dúvidas uma das maiores bilheterias do cineasta. Após lançar esses três filmes, mesmo com a discussão de que Sinais é ou não um bom filme, seus próximos trabalhos são realmente questionáveis. Em 2004, ele escreveu, produziu e dirigiu (sem falar em atuou um pouco também, como sempre) A Vila. Conheço muita gente que não gosta desse filme, mas, para mim, ainda é uma obra muito original, instigante e intrigante.
Entre 2006 e 2013, realmente, Shyamalan superou-se em trabalhos com histórias ruins e algumas atuações a desejar. Dentre os filmes lançados nesse período, apesar de não os ter assistido, acompanhei a crítica dos filmes O Último Mestre do Ar (2010) e Depois da Terra (2013) e eles são realmente seus piores trabalhos, tendo, respectivamente, 4,1 e 4,8 estrelas no IMDb e 5% e 11% no Rotten Tomatoes. Pessoalmente, sendo que não assisti a nenhum desses dois filmes, seu pior filme é, sem pensar duas vezes, Fim dos Tempos (2008), com Mark Wahlberg e Zooey Deschanel, que, mesmo sendo atores incríveis, ainda não consigo decidir se estão interpretando papéis insuportáveis ou se estão fazendo um péssimo trabalho. Mesmo com notas maiores que os filmes citados anteriormente, tendo 5 estrelas no IMDb e 18% no Rotten Tomatoes, ainda é um filme realmente muito ruim.
Na minha opinião, Shyamalan volta a ascender com Demônio (2010) – não posso ficar presa em um elevador ou entrar em um lotado que já começo a imaginar quem poderia ser o demônio ali –, mesmo lançando Depois da Terra logo em seguida, mas a consenso geral é que isso acontece após o terror A Visita (2015), o qual não assisti pelos temas tratados na obra me incomodarem um pouco. Confesso que fui influenciada um pouco pela minha crítica de filmes de terror favorita, Sarah Hawkinson do canal Possessed by Horror, mas filmes os quais idosos são explorados e/ou demonizados, independente do motivo, não me agradam muito.
Então, em 2016, o cineasta nos surpreende com Fragmentado, a tão aguardada sequência de Corpo Fechado. Apesar das críticas e dos boicotes, mais localizados nos Estados Unidos e fundamentados em pré-julgamentos baseados nos trailers e na sinopse antes de seu lançamento, o filme fez um grande sucesso, garantindo o terceiro e último capítulo da trilogia, lançada esta semana, Vidro.
Passando por toda a trajetória da carreira desse cineasta, pode-se realmente notar que ele começou no topo, deu uma surtada no meio do caminho e agora está voltando com tudo, com mais um filme e um seriado programados para estrearem em breve. Mesmo os que o defendem ou os que o criticam, uma coisa é certa para todos: Shyamalan é uma mente brilhante, às vezes um pouco louca demais, que pode ascender ou cair novamente a qualquer momento. Com a estreia de Vidro, no momento os holofotes são dele e, dependendo do final do filme e do encerramento da trilogia, ele pode ter um novo grande sucesso em mãos. Ouvi algo, certa vez, que, ao meu ver, é a síntese do indiano: Shyamalan é um bom cineasta, mas às vezes ele só quer fazer dinheiro e não está muito disposto a trabalhar em algo mais complexo naquele momento, então decide fazer filmes que são com o intuito exclusivo de fazer dinheiro. E venhamos e convenhamos que o nome mais citado por aí é Shyamalan, mas ele não é o único, não é?