O Brasil é conhecido como um país que não lê (infelizmente). E a parcela da população que tem o hábito de ler, consome, em sua maioria, o material vindo de fora do país, sejam os livros ou os quadrinhos.
Neste cenário, pode parecer quase inviável consumir ou fazer um quadrinho brasileiro e de fato é difícil ser quadrinista em qualquer lugar do mundo, pois você tem que pensar em design de personagens, roteiro e no seu público.
Mas felizmente, este é um mercado que cresceu. O quadrinho brasileiro passou a ser respeitado e não perde nada para as histórias de outros países. Afinal, artistas como Ziraldo, Maurício de Souza, entre muitos outros, não perdem nada para Alan Moore ou Frank Miller, por exemplo e tudo o que queremos é consumir boas histórias, independentemente de onde são.
Obviamente que o cinema contribuiu muito com esse sucesso: sem as adaptações de HQs para o cinema, provavelmente não veríamos esse mercado prosperar tanto, porém ele vai além dos super-heróis.
É uma mídia que dá para dissecar vários temas, épocas e personagens.
Neste cenário há uma premiação aqui no Brasil que começou tímida, mas que hoje ganhou status: o Troféu HQMix, que em 2018 chega à sua 30ª edição, premiando grandes artistas e revelando novos talentos.
A ideia para o troféu surgiu lá nos anos 80, quando a TV Gazeta de São Paulo exibia o programa TV Mix, apresentado pela então novato Serginho Groisman. O programa era muito à frente do seu tempo, pois falava sobre cultura pop muito antes dela se tornar popular como é nos dias de hoje e tinha um espaço só para falar de quadrinhos, daí veio a ideia do festival.
Quem viveu essa época, se lembra do programa com muito carinho. Quem não viveu, é possível ver trechos de programas da época pelo Youtube. É uma boa oportunidade para conhecer ou relembrar.
E no último dia 16 de setembro foi realizado o Troféu HQMix, no qual o troféu foi uma homenagem à Mônica, criação de Maurício de Souza e o Menino Maluquinho do Ziraldo.
Os prêmios foram diversos, desde Melhor Roteirista a Publicação Infantil. Houve muita emoção na hora da premiação, os artistas falaram da importância de valorizar o artista nacional e muitos relataram das dificuldades para conceber seus trabalhos.
Tudo isso apresentado pelo próprio Serginho Groisman, que também relembrou o início de carreira nos anos 80 e o carinho que tem com o Troféu.
Mas no cenário turbulento que o Brasil está na atualidade, teve espaço também para alguns protestos políticos: “não vote em quem desvaloriza a cultura, disse um dos premiados”, que gerou reações diversas na plateia.
E claro, o incêndio no Museu Nacional no Rio de Janeiro também foi lembrado e a importância de valorizarmos e preservarmos a cultura nacional.
O Troféu HQMix chegou ao seu 30º ano e que venham mais edições. Não é apenas de segurança e trabalho que vive o ser humano. Educação e cultura são fundamentais para o crescimento e caráter de cada um. Ok, em um mundo capitalista a economia é a base de tudo, (afinal, sem dinheiro não dá para comprar quadrinhos nem livros!) mas não devemos nos esquecer das coisas mais simples da vida.
Parabéns aos vencedores e a todos os artistas de qualquer parte do mundo!