Lápis de olho, maquiagem carregada, franja no rosto. São as principais características (do senso comum) quando se lembra do gênero, que teve sua explosão nos anos 2000 com bandas como My Chemical Romance, Good Charllote e Panic! At the Disco, fizeram o gênero ser amado (e odiado) nessa época, principalmente pelos jovens, onde encontraram um estilo musical – e de se vestir e comportar – e abarcava todas as suas confusões, indecisões e conflitos, típicos da fase.
Mas existem muitas coisas sobre esse gênero que só apenas cinto de taxinha preto e branco e mad rats sujos. Surgido na década de 80, nos Estados Unidos, em Washington DC, o emotional hardcore ou, para os mais íntimos emocore surgiu da necessidade das bandas se expressarem com letras mais introspectivas e confessionais, e como o próprio nome já diz, tem bases e raízes no Hardcore e no Punk Rock muito fortes nos EUA na época.
Os pioneiros a surgir com esse som diferente foram bandas como Rites of Spring e Embrace. A eles também foi atribuída a criação de outro gênero, o post hardcore que se assemelha muito do emocore, mas com mais instrumentações e sons alternativos. Muito diferente da estigma dos olhos pintados, visual mais gótico e até mesmo “frágil” em algumas vezes, o emocore, em seu nascimento, bebia muito da fonte de suas inspirações. O sentimento e a pegada punk/hardcore ainda estava lá, com seus jeans rasgados, tênis surrados e muita atitude.
É normal analisar que o estilo (principalmente de se vestir) seja muito parecido nesses estilo, até mesmo o grunge em seu berço utilizou muitos elementos, tanto no modo de se vestir quanto em suas composições, afinal, ele também veio do punk e suas vertentes.
Com a virada do milênio, a cultura emo apareceu para a grande mídia, principalmente com a Jimmy Eat World (mesmo os próprios caras não se considerando emo). A sonoridade da banda é bem mais próxima ao que a maioria das pessoas lembra e entende por emo, mas trazia ainda a forte influência do hardcore.
Rites of Spring – For Want Of
Jimmy Eat World – Sweetness
Filhinho revoltado
Sendo praticamente o Mr Catra dos gêneros musicais, o Rock tem inúmeros filhos, e um dos seus filhos mais odiados, o emocore, produziu mais uma cria, o Screamo. A Allmusic (conhecido base de dados sobre música) descreve a vertente como “Ele veio para ser a dinâmica forte/suave de ter um ou dois cantores que se alternam entre canto apaixonado e canto gritante e perturbado que caracteriza a maioria dos screamos. Estas vozes ficam muitas vezes em camadas, ou aparecem lado a lado entre os riffs de guitarra agressivos usados ?? Para adicionar uma catarse exaustiva e emocional.”.
A definição não poderia ser mais assertiva, o Screamo junta toda o emocional das letras, o ritmo do HardCore nas batidas e levadas, mas adicionando muito peso e riffs na composição, coisa bem típica do metal. Os vocais também são marca registrada, variando entre o cantado e limpo, quando se quer passar mais tranquilidade ou até sofrimento e na parte mais furiosa, se utiliza o vocal agressivo, com muito drive, algumas bandas até utilizando técnicas do Thrash Metal. Um exemplo muito claro é a banda Alexisonfire, uma das precursoras.
Alexisonfire – This could be anywhere in the world
Como qualquer estilo, o Emocore surgiu no seu começo muito parecido com suas influências. Mas com o passar do tempo, adquiriu identidade própria, sempre priorizando o lado emocional (que foi o que fez surgir o movimento). Muito mais que belos pretos, calça skinny e esmalte preto, esse gênero musical foi injustiçado por conta de preconceitos (tanto em seu surgimento, quanto no seu ápice). Vale muito a pena escutar as bandas que trouxeram o estilo a vida.