É inerente ao ser humano proteger o que gosta. Isso, independente que seja uma pessoa, um filme, uma obra, etc, quanto mais sentimento envolvido, com mais afinco esta pessoa irá defender seu objeto de apreço dos hereges que só querem se aproveitar. Um pouco profundo? Talvez, mas é exatamente isso que se passa na cabeça de alguém que se denomina “true”. Há muito tempo, numa galáxia muito muito distante, antes da internet, o termo foi cunhado pelo movimento do “Heavy Metal”. Com a expansão e “boom” do gênero Rock – e seus subgêneros – era normal que eles se misturassem e fossem confundidos, tanto pelos mais leigos quanto até por quem era frequentador e curtidor do estilo. Com isso, nasceu o True Metal, uma miscigenação de Heavy e Power Metal. O termo foi cunhado pela banda Manowar, o subgênero se denominava assim por se diferenciar de outros que misturavam influências de outros estilos musicais, sendo eles assim o “Verdadeiro Metal”. Mas é claro que o termo não se limitou apenas para definir um estilo de música, e logo, ele transbordou para a cultura em geral. Trocando em miúdos ser “true” – ou tr00 na linguagem da internet – significa que você, por gostar, estudar, apreciar tanto algo, é especialista naquilo, uma “autoridade” que pode julgar os outros reles mortais que apenas curtem a mesma coisa.
Pequenos poderes, grandes babaquices
Exemplificando melhor, uma das primeiras mostras dessa atitude foram as camisetas de banda. Essa “sensação” no começo dos anos 2000 era praticamente uma carteirinha de fã (para alguns) e motivo para ser odiado (para outros). O que acontecia era exatamente o seguinte: você não podia ostentar uma camiseta de uma banda X se não fosse fã, era basicamente isso. O sujeito tinha de carregar seu currículo sabendo nome dos integrantes, álbuns, datas, principais músicas (e saber cantar), quantas overdoses cada membro – e pelo quê – sofreu, e etc. Ou você era true ou era modinha (bem bipolar, muito parecido com hoje em dia). A prática só tendeu a ganhar mais força, com os famosos fãs clube, que acirraram ainda mais a disputa de saber quem era mais fã entre os fãs. Mas o estopim da coisa veio com a internetz. Os fãs clube se transformaram nas “comunidades” do jazido Orkut, e agora são páginas e grupos no Facebook. Isso sem citar os fóruns especializados ou outras redes que se dedicam a formar pequenos grupos de pessoas que gostam de coisas em comum. O problema maior não é se fechar num círculo para conversar apenas com pessoas que tem o mesmo gosto de você – mesmo que isso também seja um problema, mas fica para um outro assunto – mas sim, se achar no direito de julgar as outra pessoas só por conta do seu conhecimento, proximidade ou amor pelo assunto. E isso abrange muitos aspectos, quem aqui já não presenciou alguém dizendo que fulano não era gamer porque ele “só” jogava no celular, ou que ciclana não era roqueira porque curtia mais Linkin Park e coisas nesse estilo, ou que Zezinho não era nerd porque não lia quadrinhos.
Ser fã não deve ser uma batalha de ego
Não seja um fã boy cego! Aquilo que você gosta (independente do que seja) não é sua propriedade, por conta disso, não cabe você julgar quem é “digno”. Esse tipo de atitude é contra intuitivo, precisamos de mais pessoas que incentivem, ensinem e compartilhem conhecimentos, para assim aumentar a comunidade de fãs, e com isso, ter sempre mais conteúdo. Essa ideia de competitividade e egoísta não precisa mais ser disseminada. Ela era compreensível à tempos atrás, onde as “subculturas” eram marginalizadas e taxadas como estranhas, mas, hoje em dia, não existe esse lance tão taxativo de “tribos” que não se socializam entre si. Então a lição que fica é, não zombe ou menospreze as pessoas, cada um gosta da forma que lhe faz melhor. Expressar mais “conhecimento” ou amor por algo não te faz melhor perante os outros, muito pelo contrário, te faz mais chato e babaca 😉