O diretor Sebastián Lelio é conhecido por abordar temas polêmicos em filmes, com críticas nada discretas sobre família, religião e sexo. Ele mostra não apenas uma visão pouco convencional do que é um relacionamento, como coloca contra a parede a falsa “moral e bons costumes” que estamos acostumados a ver.
Até agora, as suas duas melhores obras (La sagrada familia e Uma Mulher Fantástica), mostravam um lado do LGBT que agradou muitos e deixou pessoas assustadas. Mas em Desobediência, ele se superou, a SONY está de parabéns de ter comprado essa causa e lançar esse filmes no cinema, com todo o movimento social e político que existe hoje. Sebastián Lelio acertou o roteiro e o momento, esse filme é tudo o que Azul é a Cor Mais Quente ( dirigido por Abdellatif Kechiche) faltou ser, com um roteiro e direção mais dinâmicos e misturando o tema sexualidade com religião, ele prendeu a atenção do público e promete agradar e irritar muitas pessoas.
Em Desobediência, acompanhamos a vida de Ronit Krushka (interpretada por Rachel Weisz). Um pouco confuso no começo, o filme segue uma narrativa cheia de dúvidas, desconstruindo uma história do passado de Ronit que só fica clara na metade. Muitas dúvidas e questão são levantadas; qual a sexualidade da personagem? O que aconteceu? Por que todos com quem ela conversa estão tão tensos e desconfortáveis?
Essas questão vão surgindo, fazendo você ter uma ataque de ansiedade no meio do filme gritando “Por que? Como? Quando?”, tudo trabalhado e mostrado aos poucos, até o grande ápice, onde uma cena incrível de sexo, desejo e repressão acontece.
Tudo tem uma resposta. Ronit Krushka e sua amiga Esti Kuperman (interpretada por Rachel McAdams) tem uma história, em grande parte reprimida por motivos religiosos e por causa da sexualidade das duas. Como lidar com isso e o que fazer? São respostas dadas ao final do roteiro.
Sebastián Lelio, não foi pioneiro e também não acertou de primeira, mas sua obra Desobediência mostra o quanto outros filmes que tratam de sexualidade e outras formas de amor são superficiais. Acho difícil uma obra conseguir ir tão fundo quanto essa foi.
Desobediência estreia na rede de cinemas do Brasil em 21 de junho.