Atualmente um número muito maior de autores opta por escrever uma pluralidade de livros para explorar mais profundamente o potencial narrativo de uma história, mas manter a qualidade de uma série literária não parece ser uma tarefa fácil. Principalmente ao longo de três, ou mais, volumes. Isso, porque ao estender o desenvolvimento da trama aumentam-se as margens para erros, assim como as chances de haver desvios significativos no roteiro, que prejudicam a boa construção da história e seus, já existentes, aspectos positivos, podendo desagradar os leitores. Em especial, quando se trata de uma série em que o roteiro é executado de forma linear, e onde o arco de encerramento de um livro é retomado ao início de um novo, e os personagens, assim como sua principal linha narrativa, permanecem os mesmos. Mas felizmente, mesmo com essa estrutura e os altos riscos que a acompanha, Lux, maior e mais famosa saga de Jennifer L. Armentrout, em seu terceiro volume, Opala, ainda consegue sustentar e aprimorar os elementos já bem aplicados anteriormente. Mais uma vez a autora acrescenta camadas às personalidades já traçadas dos personagens, que são um ponto bem definido na trama e que só precisam de pequenas renovações para que o interesse do leitor não seja perdido, e deixa o espaço de inovações para os novos cursos que a história vai tomar depois dos acontecimentos de Ônix – segundo volume -, e para as formas como eles afetaram Katy, Daemon e aqueles que estão ao redor.
Ninguém é igual ao Daemon Black. Quando ele prometeu que iria provar seus sentimentos por mim, não estava brincando. Nunca mais vou duvidar dele. E agora que conseguimos finalmente aparar nossas arestas, bem… Tem rolado muita combustão espontânea. Mas nem mesmo ele pode proteger a família dos perigos de tentarem libertar aqueles que amam. Depois de tudo o que aconteceu, já não sou mais a mesma Katy. Tornei-me uma pessoa diferente… E não sei bem o que isso vai significar no final. Quanto mais nos aproximamos da verdade e nos colocamos no caminho da organização secreta responsável por torturar e testar os híbridos, mais me dou conta de que não existe limite para o que sou capaz de fazer. A morte de um ente querido continua afetando a todos, a ajuda surge do lugar mais improvável, e nossos amigos irão se tornar nossos piores inimigos, mas não podemos voltar atrás. Mesmo que com isso estejamos arriscando destruir nosso mundo para sempre. Juntos somos fortes… e eles sabem disso.
Diferente dos dois primeiros volumes, a trama em Opala se torna mais complexa. Ao responder algumas das perguntas que foram sendo criadas no desenrolar de Obsidiana e Ônix, Armentrout precisa deixar um pouco de lado o aspecto cômico pelo o qual a série inicialmente ficou conhecida, e dar um tom um pouco mais sério e obscuro para a história.
O humor e o romance como apresentado na sinopse, ainda são partes importantes do livro, mas precisam ser trabalhados de forma equilibrada com os demais elementos, como o sobrenatural e a ação, mudanças que já vinham sendo feitas desde seu antecessor.
Com a introdução de novos personagens e a morte de outros, foi preciso um amadurecimento mais expressivo, assim como trazer significados e intenções que convencem o leitor de alguns acontecimentos, e para que depois de duas obras, uma terceira não se tornasse algo repetitivo. O livro entrega aquilo que é necessário em um volume intermediário. Sendo a terceira de um total de cinco obras, Opala utiliza tanto os elementos que já se mostraram funcional, como uma escrita rápida e fluída; bons personagens; e respiros com características que agradam o público – arcos de teor cômico e romântico -, quanto elementos que enriquecem a história: uma maior quantidade de cenas de ações, melhor desenvolvimento dos personagens secundários; suspense; exploração de novos comportamento por parte dos protagonistas – uma dinâmica interessante já que algumas situações por eles vividas, tornavam necessárias consequências emocionais e uma mudança de perspectiva -, e inúmeras outras coisas que podem surpreender o leitor e impedir que a história entre na mesmice. Em suma, o terceiro volume de Lux é um bom novo capítulo para a construção da narrativa, ele cumpre com o que promete ao fim de Ônix e ainda consegue trazer um frescor para a série, porque ele é o livro que defini o caminho que a trama vai seguir nos dois únicos volumes, e a relação entre os aliens e os humanos. Jennifer L. Armentrout não só provou que consegue manter a qualidade de toda uma saga, mas também que vale a pena continuar acompanhando as aventuras de Katy e Daemon.
OPALA
AUTOR Jennifer L. Armentrout;
TRADUÇÃO Bruna Hartstein;
EDITORA Valentina;
ANO 2017;
PREÇO de 30 a 33 reais, em media