Lançada recentemente na Netflix, esta nova série de anime trata de alguns temas recorrentes em obras nipônicas: as armas como algo vivo, uma entidade e Demônios. É uma série curta, com apenas 12 episódios, mas a história não acaba no último deles, portanto, deve haver ao menos uma segunda temporada futuramente.
Explicando melhor todo o contexto da história: desde tempos remotos, sempre ouvimos contos e fábulas sobre heróis, vilões, conquistadores, e muitas outras pessoas notórias. Mas não apenas pessoas,como também objetos e lugares. Guerras e combates sempre foram um dos focos da história da humanidade, infelizmente. E o principal instrumento motriz das guerras foram as armas – objetos, itens ou equipamentos criados com o propósito de matar. E, com isso em mente, algo recorrente em obras japonesas é justamente a crença de que as armas adquirem algum tipo de aura, emanação e até senciência em alguns casos, por serem banhadas em sangue constantemente.
Este é exatamente o contexto desta animação: armas que foram criadas e usadas para matar e, que com o constante uso, (serem embebidas em sangue) acabam por se tornarem uma entidade senciente demoníaca e viciada em sangue: tentam dominar qualquer pessoa que as empunhe e seu único propósito é saciar sua sede por sangue. Aqueles que sucumbem à arma por completo (à possessão da entidade), se tornam um Busoma (a própria arma, a pessoa deixa de existir como era, só resta o corpo tomado pela entidade). Porém, há também aqueles que empunham as armas, mas resistem à tentação e controle da entidade. Essas pessoas são chamadas Crisálidas (casulos ou envólucros), pois dizem que invariavelmente irão sucumbir um dia e virar um Busoma. esses indivíduos se fundem com as armas e elas gradativamente vão corrompendo a pessoa.
A história gira em torno do embate de organizações com as armas em si e aqueles que as empunham e se tornam Busomas, o esforço de tentar contê-los, e a esperança de achar uma “cura” para aqueles que viraram Crisálidas. A história tem bastante ação de lutas e combates, mas, ao mesmo tempo, tem muitos momentos de reflexão: dramas, problemas pessoais e existenciais. Por exemplo, uma das organizações que pesquisa um meio de reverter o estado de quem se tornou uma Crisálida, para retardar a corrupção da arma no hospedeiro, coloca as pessoas em uma espécia de criogenia, onde o indivíduo fica em um sono no qual nada acontece (fica praticamente parado no tempo). Ocorre, às vezes, só despertarem após anos. Um dos pontos abordados na história é justamente as complicações que isso acarreta na vida destas pessoas e o desencaixe delas com a sociedade. Dilemas pessoas, relacionamentos e como se tornam alheios ao mundo e as pessoas. Ao mesmo tempo que lutam para ter um lugar na sociedade, lutam para resistir à sede de matança da arma que está com elas.
E o que aconteceria com alguém que já nasceu sob a influência de uma destas armas? Como seria sua vida e sua trajetória?
A animação enfatiza bastante a arte da criação e manutenção de armas, os lendários ferreiros japoneses. Um ponto interessante é a exposição não só de armas japonesas, mas outras oriundas de diversas culturas, ou seja, a historia não se prende a itens e vestimentas apenas da cultura nipônica (própria cultura)
A história ficou interessante e ainda há muita coisa para se revelar ou explicar. Agora nos resta esperar que chegue a segunda temporada e conte-nos mais coisas.