“Obsidiana”, primeiro volume da série Lux vale o hype?

A série Lux de Jennifer L. Armentrout, tem sido assunto de pauta constante para muitos leitores e criadores de conteúdo literário. E ao ler seu primeiro volume, Obsidiana, é possível entender porquê.

Apesar de um Young Adult (YA) sem muitas novidades e aprofundamento narrativo – a história é uma fantasia composta por elementos sobrenaturais e o típico romance entre uma garota comum e um bad boy sexy e ranzinza -, a autora soube trabalhar muito bem o desenvolvimento da trama e as características que ela, assim como seus personagens, teriam. O que resulta em um livro bastante divertido.

 

Começar de novo é um saco. Quando a gente se mudou para o interior, bem no início do último ano do colégio, eu já vinha me preparando para o sotaque caipira, o tédio, a internet lenta e um monte de chatices… Até dar de cara com o meu vizinho gato, alto de dar tontura e com intimidantes olhos verdes. Hummm… os prognósticos estavam melhorando. Até que… ele abriu a boca. Daemon é irritante. Arrogante. Dá vontade de matar. A gente não se dá bem. Não mesmo. Mas, quando um caminhão quase me transforma em panqueca, o garoto literalmente congela o tempo com um aceno de mão e aí, bom, algo inesperado acontece. O alien gato (meu vizinho) me deixa com um rastro. Você me ouviu bem. ALIEN! A verdade é que ele e a irmã têm uma galáxia de inimigos que querem roubar seus poderes. O rastro que deixou em mim brilha como lua cheia, e isso não é nada bom. O único jeito de sair viva dessa é ficar colada em Deamon, até a magia alienígena desaparecer. Quer dizer, isso se eu não matar o cara primeiro.

A ideia de que nada na história parece novo, surge com base na sinopse, onde a palavra alien em letras maiúsculas pode chamar sua atenção, assim como a forma espirituosa com que Katy, a protagonista, resume os acontecimentos que compõem a narrativa. Mas em essência, tudo o que se pode ver apresentado pela autora, é mais do mesmo.

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Essa é uma percepção que nem mesmo a leitura do livro será capaz de alterar, porque nenhum dos elementos presentes em obsidiana são, de fato, novos. Mas que diante da capacidade da autora de prender o leitor logo nas páginas iniciais da obra e mergulhá-lo intensamente dentro dela, é rapidamente esquecida.

Com a ausência do elemento inovador, Jennifer L. Armentrout aposta na boa execução daqueles que lhe restam, a começar pela criação de personagens que cheguem o mais próximo possível da realidade, e causem forte identificação no leitor, seja lembrando-o a ele mesmo ou das pessoas que compõem seus círculos sociais e familiares. Bem construídos e de propósitos definidos, de personalidades fortes e abordagem mais agressiva – em especial por parte de Katy, que diferente de muitas heroínas, dispensa passividade e timidez. E protagonistas com uma excelente química e uma atração sexual palpável, que se torna tão característica do casal quanto a relação de cão e gato que eles desenvolvem a partir do primeiro encontro.

Narrativamente, a escritora norte-americana também faz um ótimo trabalho. O livro tem um ritmo de desenvolvimento agradável, diálogos bem construídos e um número ideal de plot-twists, o que impede um mal uso do elemento surpresa, causando cansaço ou desinteresse do leitor, já que a trama, quando conta com um excesso de reviravoltas e diálogos monótomos, pode ficar exaustivamente Obsidiana2previsível.

E apesar de superficialista- não comece a leitura aguardando encontrar uma elaborada ficção científica e/ou reflexões profundas -, a obra abre espaço para a abordagem de alguns temas importantes, como o assédio sexual e o perigo que o ser humano representa quando se depara com algo do qual desconhece ou teme.

Obsidiana é um eficiente primeiro volume de série. Ele apresenta a história e os personagens de forma cativante, provocando a curiosidade do leitor para uma sequência não apenas pelas possibilidades que deixa em aberto, mas também pela relação instigante existente entre os personagens, já que esse é seu elemento de destaque.

Vale a leitura não apenas pelo entretenimento e a boa distração que ele proporciona, mas pelo sentimento de reinvenção que uma fantasia bem desenvolvida trás para um gênero que há muito tempo não tem sido o mesmo.

 

OBSIDIANA

AUTOR: Jennifer L. Armentrout;

TRADUÇÃO: Camila Pohlmann;

EDITORA: Valentina;

ANO: 2015;

PREÇO: 25 reais.

Nerd: Ana Giese

A louca com compulsão obsessiva em comprar livros e estudante de jornalismo! Que ama Harry Potter, se apaixona constantemente por personagens fictícios e passa 14 horas assistindo Netflix. Pelo menos sabe precisar de uma visitinha ou duas ao psicólogo!!

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