“a poesia é minha chance de ser eu mesma diante de um mundo que tanto me silencia. é minha vez de ser crua. minha arma de combate. nossa voz ecoada. nossa dor transformada. nela eu falo sobre amor, desapego, rotina, as cidades que nos atravessam, os socos no estômago que a vida dá, o coração desenfreado, a pulsação que guia as estradas, os recomeços, os dias, as noites, as madrugadas, os fins, os jeitos que a gente dá, as transições, os discos, os tropeços, as partidas, as contrapartidas, os pés firmes que insistem em voar, e tudo isso que é maluco e lindo e nos faz ser quem somos.”
“se você acha que o amor
não deve machucar
você está certa
para tudo que destrói
e é violento
damos o nome
de abuso”
Poesia para unir as mulheres, palavras que confortam, dão força, emocionam e nos fazem sentir menos sozinhas. Nos versos de Ryane Leão, autora de Tudo Nela Brilha e Queima, estamos seguras. Somos compreendidas, exaltadas, acolhidas. Entendidas e expostas.
No mesmo ritmo de Outros Jeitos de Usar a Boca, Ryane (do projeto Onde Jazz Meu Coração) abre-se para nós em suas páginas, tão lindas, e nos convida para conhecê-la intimamente: suas dores, perdas, pensamentos, romances, medos, conquistas… E, enquanto conhecemos Ryane, acabamos nos encontrando e nos (re)conhecendo em suas palavras, em seus sentimentos.
“até hoje ninguém foi capaz
de medir o seu tamanho
você é caos
e coração
você é oceano
e furacão
te desvendar
é para quem não teme
mulheres infinitas”
De poemas curtos a versos longos, a poetisa exalta, como ela mesma escreve, as mulheres infinitas e a resistência das mulheres. Sua obra arrepia, incomoda (daquele jeito bom), sensibiliza e fortalece. Leitura encantadora que recomendo a todas as mulheres. Como podem reparar, fiz várias marcações das partes preferidas! É aquele livro pra ter sempre por perto, pra abrir numa página ou outra e encontrar aconchego e motivação.
“não romantize
o que te rasga
o peito”
Desmorone-se, perca um pouco de si, doa, mas depois se levante, se ache, se cure. Tenha coragem de ser tempestade e caos, tenha coragem de se expor, de viver, de dizer chega, de escrever. E publicar. Obrigada, Ryane, por sua poesia, sua coragem, sua luta compartilhada. Por continuar acreditando em suas palavras e na força delas, por nos dar esse pedacinho seu para ajudar a formar nossa própria resistência. Entre as minhas, estou segura.