Antes de qualquer coisa, eu preciso dizer duas coisas: Primeiro que o Novo Nerd é um site de opiniões. Então essa é a MINHA opinião sobre o filme. Ninguém é obrigado a concordar, porém eu sempre tento construir algo para embasar minha opinião. Segundo que essa é uma resenha sobre um filme do gênero comédia, do qual eu não sou muito fã, então pode ser que eu tenha um viés ai.
Dito isso, precisamos falar um pouco sobre filmes nacionais, mais especificamente sobre Os Parças. O filme estreia dia 30 de novembro agora no circuito nacional e conta a história de quatro caras que se metem em uma enrascada e tem que fazer uma festa de casamento para a filha do grande chefão do contrabando da 25 de março. Dirigido por Halder Gomes (que fez tb O Shaolin do Sertão), o filme tem Tom Cavalcante, Whindersson Nunes, Tirulipa e Bruno de Luca nos papéis dos quatro picaretas, que conta ainda com Oscar Magrini, Paloma Bernardi, Taumaturgo Ferreira entre outros.
A junção dos quatro comediantes remete aos Trapalhões – quatro caras com suas características de comédia que se juntam para se livrar de um problema, causando mais problemas e tirando risadas. Mas Os Trapalhões tinham, acima de tudo sintonia, e eu fiquei achando que faltou muita sintonia nos quatro Parças. Comédia é um gênero onde o timing é essencial. A impressão é que o filme não tem esse timing, onde as piadas são tiradas mais de situações forçadas que desafiam a inteligência do expectador. Em uma comédia, o personagem é enganado. Então, a situação vai se complicando e levando o público a dar risada. E o roteiro tenta isso, porém a falta de sintonia entre os quatro mais a falta do timing deixa o filme com cara de sessão da tarde previsível.
O filme é ambientado em São Paulo, e abre com uma cena pastelona de uma perseguição já no centro dessa metrópole. Interessante que para quem não é de São Paulo, a 25 de Março é parada obrigatória. Mais ainda, apresentar três comediantes nordestinos no centro de São Paulo deveria ser interessante, afinal o Nordeste é berço dos principais atores do gênero. Porém, Tom Cavalcante me cansa com as caras e bocas dele, sempre me parece forçado demais. Whindersson Nunes e Tirulipa até têm uma sintonia interessante, mas são colocados como figuras tão caricatas que forçam situações demais. Mas em um momento que não é de comédia no meio do filme, os três discursam para um policial dizendo que vieram para cá em busca de oportunidade, que trabalham como podem e ainda sofrem preconceito. Enquanto eles falavam, eu via que não eram personagens passando um texto, mas uma fala de coração dos três, que eu sei que mexe com um tema polêmico que pouco se ouve tocar hoje em dia – o preconceito regional xenofóbico dentro do Brasil. Com certeza a melhor parte do filme, um momento que não merece passar batido.
Alguém um dia falou: “Morrer é fácil. Difícil é fazer comédia”. Realmente, fazer rir não é uma ciência. Eu não acho que Os Parças acertou, mas continuo torcendo pelo cinema e pelos comediantes nacionais.