A segunda metade dos anos 80 foi muito positiva para o Homem-Morcego: as HQs O Cavaleiro das Trevas e Batman – Ano Um, do Frank Miller e A Piada Mortal de Alan Moore foram um grande sucesso de público e crítica e deram um tom sombrio para o herói, já que a visão que as pessoas tinham para o Batman era o piadista da série do Adam West.
E o filme Batman, de 1989, dirigido por Tim Burton, foi um grande fenômeno de bilheteria, custando 35 milhões e faturando 411 no mundo inteiro, sem contar o grande sucesso em VHS e venda de produtos. Neste cenário, era inevitável uma continuação e a possibilidade de uma franquia.
3 anos depois, no verão de 1992, chegava aos cinemas, Batman – O Retorno, cercado de expectativas, com a promessa de manter o nível ou superar seu antecessor e manter o Cavaleiro das Trevas no auge.
Em números não superou: custou 80 milhões e faturou 266 no mundo, embora tenha sido a maior bilheteria daquele verão. Isso se deu ao tom ainda mais sombrio do que no filme anterior, às tensões sexuais, sobretudo na figura da Mulher-Gato e ao fracasso na venda de produtos, ao menos na época: muitos pais se assustaram com o conteúdo de Batman – O Retorno o que fez com que a Warner Bros. fizesse um tom divertido para os próximos filmes.
Aqui vemos uma Gotham City suja e destruída após os eventos do filme anterior, onde novamente temos o grande foco nos vilões: Danny DeVito como Pinguim é tão bom quanto Jack Nicholson como Coringa, é o que mais se diverte no filme e dono dos momentos mais bizarros do longa; como não lembrar do pato amarelo no meio da cidade e o desfile de pinguins no terceiro ato – e o diretor Tim Burton utilizou pinguins de verdade, dando ainda mais trabalho na hora de filmar.
Christopher Walken faz o empresário Max, é o que mais se aproxima de um vilão porque suas motivações egocêntricas não são muito diferentes de vários exemplos da vida real, sem contar que foi ele quem “matou” a Selina Kyle, jogando-a da janela de um prédio antes de sua transformação em Mulher-Gato.
Por falar na felina, ela é a personagem mais bem desenvolvida aqui, Michelle Pfeiffer transformou sua personagem na Mulher-Gato definitiva até os dias de hoje e, ao contrário do desastroso filme de 2004 com a Halle Berry, ela é sensual sem ser canastra ou vulgar. E o filme faz questão de construir a tensão sexual entre Selina e Bruce Wayne.
Michael Keaton claramente evoluiu como ator em relação ao filme anterior, embora tenha poucos diálogos e menos tempo de tela do que seus antagonistas. Ele merecia mais um filme na pele do herói.
Batman – O Retorno é um pequeno clássico dos filmes de super-heróis, faz uma excelente construção de mundo e personagens, embalados por uma Direção de Arte caprichada e a trilha do Danny Elfman muito inspirada, mas que pecou em cenas de luta e na ação. Provavelmente isso tenha frustrado muitos na época. Apesar do sucesso comercial, a recepção para o filme foi, no fim das contas, fria.
Mas é o filme mais interessante do herói sem contar a trilogia do Nolan, e é injusto compará-lo com algo que veio uma década depois.
E se temos um filme de herói lançado há mais de duas décadas que permanece no imaginário popular em uma época que os quadrinhos estavam em baixa, ele merece, no mínimo, o nosso respeito.
Nota: 4 estrelas