Cinco estudantes de medicina enfrentam as consequências de engatilhar experiências de quase-morte.
Como não gosto de criar grandes expectativas e procuro pouca coisa sobre tudo que vou assistir e ler para evitar spoilers, isso era praticamente tudo que eu sabia sobre o filme antes da cabine de imprensa na Sony. Além da Morte (Flatliners) é a “refilmagem” do filme Linha Mortal, dos anos 90, ao qual ainda não assisti, mas que entrou para a lista pela curiosidade de compará-lo ao remake.
Após um acidente traumático, Courtney Holmes (Ellen Page), uma estudante de medicina, desenvolve um interesse em descobrir mais sobre a vida após a morte. Para isso, ela arrisca sua carreira acadêmica ao dedicar-se a um projeto que a ajudará a induzir uma experiência de quase-morte (EQM). Para isso, pede a ajuda de seus colegas Sophia (a voz da razão) e Jamie (o inconsequente que concordará com a loucura), com a desculpa de documentar e provar a vida pós-morte. É claro que as coisas não dão lá muito certo, e outros colegas (Ray e Marlo) chegam para ajudar a trazer Courtney de volta à vida e acabam se tornando cúmplices da fascinação mórbida.
Apesar de quase não voltar para ver os resultados da experiência, Courtney retorna sã (?) e salva (?) e, para a surpresa de todos, parece muito melhor do que antes. Sua consciência parece ter expandido, o que faz com que o resto de seus colegas também queiram passar pelo experimento, sem nem desconfiarem das consequências de cruzar linhas que não deveriam ser ultrapassadas.
Os efeitos colaterais são mais mortais do que poderiam imaginar. Enquanto buscam pela iluminação da mente, pelo “Despertar” que o experimento proporciona, acabam encontrando também a parte escura de suas memórias, a pior parte de cada um: a sufocante culpa pelas coisas que já fizeram de errado. E é aí que o filme de ficção científica vira o suspense psicológico que eu tanto gosto, misturando-se ao terror sobrenatural.
Foram boas quase-duas-horas de tensão e considerações sobre o tema proposto. Fiquei surpresa ao ver tantas críticas negativas ao filme. Acredito que, ao limitar a avaliação ao compará-lo com o filme original ou julgar a história como rasa, sendo que a profundidade é relativa ao entendimento e reflexão do espectador, acaba resultando em algumas frustrações. Não é um filme revolucionário e digno de Oscar, mas também está longe de ser um fracasso.
O filme me fez até mesmo perder a cisma com a Nina Dobrev, que interpreta a Marlo no filme. Aliás, todos os atores que fazem os colegas de Courtney (Diego Luna como Ray, James Norton como Jamie e Kiersey Clemons como Sophia) conseguiram me cativar sem depender da Ellen Page para carregá-los. Temos até uma casquinha do Beau Mirchoff pra matar a saudade de Awkward, hehe! Também achei certas escolhas da história muito boas, fugindo dos clichês de sempre.
Os dramas dos personagens podem não ser dos mais profundos, mas são dramas reais, conflitos internos com os quais muitas pessoas podem se identificar. O que mais me deixou arrepiada foi perceber os tais efeitos colaterais do experimento como sintomas de depressão e ansiedade: a culpa intensa, a paranoia, a autopunição, a incompreensão e solidão. É algo que vemos muito nos filmes de terror, condições psicológicas mostradas como monstros e demônios que nos assombram e caçam, enquanto definhamos para o medo ou tentamos aprender a lidar e conviver com eles. Essa sutil referência é o que torna Babadook um dos meus filmes de terror favoritos, e faz com que filmes como Além da Morte ganhem uma interpretação cheia de particularidades.
Fora que todo o filme me fez lembrar muito daquela perigosa “brincadeira do desmaio”, que descobri num dos podcasts do Mundo Freak simular muito das EQM. Mas é a brincadeira no level faculdade de medicina, né, mores.
Além da Morte nos deixa com aquela pulga atrás da orelha: será que existe mesmo vida após a morte, ou estamos condicionados ao que nossa mente nos faz acreditar? E, se existe, será que vale a pena provar isso quando ainda não chegou nossa hora?! Bom, o jeito é assistir ao filme e usar Courtney e seus amigos como cobaias para nossas conclusões!
O filme, dirigido por Niels Arden Oplev e com roteiro de Bem Ripley, chega aos cinemas brasileiros hoje, dia 19/10.