Não é novidade que as séries do gênero drama são um sucesso, principalmente as voltadas ao público adolescente. Muitas delas – The OC, Gossip Girl, Skins, 90210, One Tree Hill, Smallville -, ainda hoje permanecem vivas nas mentes daqueles que amadureceram junto com seus personagens, e ocupam um lugar insubstituível em seus corações. Ícones para as gerações de jovens dessa e de suas épocas. Mas por que são esses programas adorados e o que faz deles inesquecíveis, mesmo quando produzidos em abundância e semelhanças entre si? Será apenas os elementos básicos – romance, humor negro, intrigas, elenco jovial,etc -, que os compõem, responsáveis por isso?
Focados em determinado grupo de jovens – da elite, na maior parte das vezes, onde há a inclusão de um outsider – alguém que não está acostumado ao estilo de vida dos herdeiros da cidade -, esses dramas adolescentes abordam a rotina e as diferentes relações dessas pessoas. Seus conflitos, primeiros amores, inseguranças e sonhos. Mostram, mesmo que com hábitos inalcançáveis para alguns, as dificuldades que acompanham a idade. A sensação de se andar em círculos, perdido, sozinho.
Histórias criadas com base nos medos e na curiosidade do desconhecido que todos, quando atingem o ensino médio sentem. Na caçada que essa fase da vida pode se tornar; a autodestruição de alguns e liberdade de outros; os bons e os não tão bons relacionamentos; a descoberta da sexualidade, do sexo, das drogas. A decisão – importante e desestabilizadora – de se escolher uma universidade, e encarar o fato de que ela pode não ser uma possibilidade. O que fazer, ser, para o resto de suas vidas.
Cada uma delas possui suas variações e próprias peculiaridades, mas no fim são todas uma soma daquilo que acontece na vida real, no mundo real, com pessoas reais e aspectos que despertam a identificação no telespectador, sugam-o para dentro da trama e guiam com proximidade e forte gama de sentimentos por todo o caminho. E a confirmação de que não existem mocinhas e vilãs, que todos são falhos e por mais que alguns evitem melhor do que outros, ninguém está a salvo de cometer erros.
Criadas como um tipo estranho de guia ilustrativo que ensina o que é e as atitudes que compõe a natureza selvagem dos jovens. Uma forma de dizer que é normal e está tudo bem se sentir daquela forma. Que exagerar, fazer drama, agir impulsivamente e não ter certeza do que se está fazendo, ou acontecendo, não é um problema. Para se identificar, perceber que não é o único em situação parecida e esperar que passe, cresça e amadureça. Uma espécie de autoajuda, que transmite ensinamentos resultantes de situações fisicamente não presenciadas pelos telespectadores, mas que contribuem para a aprendizagem. Novas perspectivas, que apesar de próximas parecem distantes o bastante para que certos caminhos sejam enxergados com maior clareza.
No entanto, mesmo que cumpram o papel de guia para as quais parecem terem sido desenvolvidas – isolando-se da área comercial -, elas acabam por tornarem-se, para seu público, um acalento ao coração e a mente. Um bálsamo, que torna suas vidas mais fáceis e sustentáveis quando mergulham nas de demais pessoas. Faz com que alguns dos problemas que antes pareciam pesados demais, não sejam mais tão ruins e relevantes.
Uma escapatória da realidade, uma forma de suprir a necessidade que as pessoas têm de saberem que existem coisas piores e que ela não está tão ruim quanto parece, tão a deriva no vasto universo. Assim como em Gossip Girl, os programas lhes dão outras vidas para a qual olharem e avaliarem, podendo assim esquecer o que se passa. Vai além do entretenimento e do companheirismo, do não se sentir sozinho e transmitir a sensação de que está tudo bem. Dá as pessoas alguns segundos de paz, e a comprovação de que estão todos sempre tentando fazer o melhor que podem para tentar entender e passar pelo o que é a vida.
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