E A-Ê suas morceguinhas e seus jokerzinhos, belesma?
Todo mundo já passou por aquela situação onde um amigo ou conhecido tenta contar uma piada e falha miseravelmente? Esquece o final, começa a rir, troca as piadas, é horrível, mas em algumas vezes você consegue se divertir com a performance! Este é o caso de Batman – Piada Mortal ? Palma palma, não priemos cânico, vamos por partes.
A adaptação para a mídia animada da graphic novel de Alan Moore era muito aguardada, a HQ é considerada um marco histórico, Moore deu um peso e densidade para uma história do morcego que lembra bastante seus maiores sucessos (Watchmen e V de Vingança) a história em si é considerada não canônica, salvo alguns acontecimentos – a situação da Bárbara Gordon se mantém após essa história e muitos fãs admitem que esta é a origem definitiva do Coringa. Mas vamos logo ao que interessa, se a animação supriu a as expectativas, então bora!
Brian Azarello e sua equipe tinham a difícil missão de adaptar The Killing Joke para a mídia animada, apesar de fantástica a HQ é curta e objetiva, não tendo material suficiente para se fazer uma animação muito longa, então liberdades artísticas eram mais que bem vindas, e com um roteirista como Azarello, ganhador de um Eisner Award (o Oscar dos quadrinhos) nada poderia sair errado. O trailer da animação refletia muito bem o ambiente da HQ, com muita investigação e jogos psicológicos pesados!
Uma coisa que podemos salientar sem discussão é a qualidade da animação, ela pode causar certa “estranheza” pois o traço é bem diferente
das grandes animações mais recentes da DC como Liga da Justiça: Ponto de Ignição ou Liga da Justiça: Guerra.
The Killing Joke segue a mesma receita de animação que outras adaptações – como as aclamadíssimas Cavaleiro das Trevas I e II – o traço é muito parecido com o da HQ (na animação até meio simples às vezes), com um capricho maior ainda nos cenário. Se você não está acostumado, dê uma chance.
Outro ponto super positivo são as dublagens, principalmente Mark Hammil como Coringa, pra mim, o definitivo. Por se tratar de uma história praticamente toda do vilão a primeira vez que somos apresentados a ele na interpretação do ator chega a rolar um arrepio, os outros atores estão muito bem também, mas Hammil se destaca
Algo que salta aos olhos são as cenas tiradas totalmente da HQ, quando a animação se dispõe a focar na história principal – lembra daquelas liberdades artísticas, então, logo iremos comentá-las – chega a emocionar, cada quadro, cada frame é cuidadosamente desenhado para despertar as mais profundas emoções dos saudosistas, e conseguem com muito mérito, claro que existem alguns limites por ser outra mídia, mas se analisarmos dentro deles, o trabalho ficou ótimo!
Mas infelizmente o filme não consegue alcançar a grandeza da HQ, como citei no começo. Liberdades artísticas tinham de ser tomadas para fazer o roteiro render, e elas não foram bem aceitas, e não faltam motivos para isso. A animação tem um foco totalmente diferente no começo, na sua primeira meia hora (sim, a real história só começa após um prólogo de 30 minutos exatos). Temos um protagonismo da Bárbara Gordon, a Batgirl.
A ideia foi mostrar a relação dela com Batman antes dos acontecimentos do plot principal do filme. Isso foi ruim? Em parte, a ideia realmente não foi ruim, só foi pessimamente executada. Demonstrar uma Bárbara como uma colegial cheia de atrações sexuais por seu “colega de trabalho” e mestre, não fez sentido nenhum, só diminuiu a personagem (sem falar que a fez uma insuportável, chegando a agredir uma pessoa na rua por estar na “bad“).
Se queriam mostrar esta relação poderia fazer algo mais parecido com a Robin de Dark Knight – nem entrarei na polêmica cena de sexo entre os dois.
Todo o prólogo do filme gira em torno de um vilão desconhecido (que até o início real da adaptação eu me perguntava se tinham mudado a origem do Coringa). Este suposto novo líder de gangue escolhe brincar de gato e rato com a Batgirl. O morcegão, percebendo que essa situação toda está afetando o juízo e a tomada de decisões de Bárbara, a afasta do caso, é onde tudo desanda de vez. Ela decide fazer tudo por conta própria e depois de muita “DR’s” Batgirl salva Batman de uma emboscada armada por este vilão e quase passa dos limites, é onde ela aprende a lição “se você chegar muito perto do abismo, o escutará chamando seu nome, você o atenderá?”.
Ao final desse prólogo, Bárbara desiste de combater o crime ao lado de Bruce, e daí seguimos para a história original da HQ. O que faz desse prólogo ser ruim? A forma que retratam a Batgirl é grande responsável, mas o pior é que ele não segue organicamente para a história, você consegue perceber nitidamente onde termina o prólogo e onde começa a história original, todo o arco de Bárbara não leva a nada, o vilão do primeiro ato que conseguiu dar uma canseira dos infernos para a dupla de moguerços simplesmente some, e você fica com a sensação de o que acabou e ver não serviu para absolutamente nada.
O prólogo poderia ser aproveitado para amarrar outras histórias, como por exemplo a de Jin Gordon, alvo escolhido pelo Coringa para provar sua teoria de que só é preciso um dia ruim para se tornar louco. A animação de Batman – A Piada Mortal tem um prólogo péssimo, certas cenas por mais bem feitas que sejam, não conseguem transmitir o mesmo sentimento da HQ e uma cena final totalmente desnecessária. Por outro lado conta com artes de altíssimo nível, dublagens ótimas e cenas muito fiéis à HQ’s.
Mas e você, o que achou da adaptação? Nos diga aí nos comentários!