Ao longo dos anos 1980 e 1990 foram muitos os clássicos da Sessão da Tarde e é difícil apontar apenas um representante que aqueceu o nosso coração da infância, mas se formos focar em franquias, algumas fizeram parte do imaginário de uma geração, como De Volta Para o Futuro, O Pestinha, Um Tira da Pesada, entre outras.
E não é exagero nenhum dizer que Karatê Kid também fez parte disso.
Os três filmes reprisavam à exaustão na TV e embora o 1º filme seja mais marcante e claramente com uma qualidade maior, mas o segundo filme tem um atrativo a mais: a famosa canção, Glory of Love, clássica até hoje, indicada ao Oscar, mas que perdeu para a também conhecida canção de Berlin, Take My Breath Away, de Top Gun.
Mas será que Karatê Kid 2 se resume apenas à música e nostalgia?
O filme começa no exato momento que o primeiro filme termina: Daniel LaRusso venceu o torneio e no momento em que ele e o Sr. Miyagi estão saindo do ginásio, eles veem a relação abusiva entre John Kreese e Johnny Lawrence com o mestre desdenhando sua derrota.
Logo após somos apresentados à história do filme de fato: Miyagi vai a Okinawa, no Japão, onde precisa lidar com seus dilemas da sua vida no passado, Daniel também vai junto e é neste lugar onde a ação do filme ocorre.
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Sato não esqueceu as feridas ocorridas com o Miyagi e quer um acerto de contas, mas o pior mesmo é o seu sobrinho, Chozen, que é o grande oponente e vilão da vez. Se no primeiro filme existem discussões até hoje sobre o Johnny ser vilão ou vítima, aqui esta dúvida vai por água abaixo, pois ele faz questão de ser uma pedra no sapato de Daniel, sempre o incomoda e sente sua “honra” afetada pela presença de seu oponente.
Chozen é responsável pelas piores cenas do filme e o que deveria ser uma ameaça se torna algo enfadonho e que testa a paciência do espectador.
Após o término do relacionamento do Daniel com a Ali no primeiro filme, desta vez o interesse amoroso do nosso protagonista é a Kumiko, que é uma personagem que tem seu charme e muitos méritos, mas a química com o Daniel inexiste, o casal se torna desinteressante e o público perde o interesse em acompanhá-los.
Mas há coisas boas em Karatê Kid 2. Ok, John G. Avildsen não faz uma grande direção de atores, mas há um claro esforço de parte do elenco, o saudoso Pat Morita funciona, desde o primeiro filme, como a figura paterna do protagonista, é o que tem os melhores ensinamentos e melhores momentos da trama.
Sem contar que o filme é bom tecnicamente, pois há um belo trabalho na direção de arte, na fotografia de Okinawa e mesmo com as motivações fracas, as lutas são bem coreografadas.
Ou seja, Karatê Kid 2 é bom tecnicamente.
Há um leve plot twist no 3º ato, que até poderia dar ao roteiro uma chance de terminar o filme sem o óbvio e quebrar a expectativa do espectador, mas que dura pouco: o final é patético e anticlimático, que só melhora com a 3ª temporada de Cobra Kai, onde vemos várias pontas do passado sendo amarradas.
Karatê Kid 2 é claramente inferior ao primeiro filme, mas se torna bom comparado aos péssimos filmes seguintes, marcou uma geração, está sendo descoberto por uma nova geração, tem seu legado e possui uma das canções mais queridas por cinéfilos.
Nem tudo no cinema se resume ao óbvio.
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