20 anos de A Fuga das Galinhas

Em um passado não muito distante, a Disney reinada soberana no mundo das animações. Falar em desenho para crianças era falar em Disney e embora a empresa do Mickey ainda seja o maior estúdio de Hollywood, ao menos nos dias de hoje existe a concorrência, como a Ilumination ou a Sony Animation.

Mas hoje um período, sobretudo no final dos anos 1990 e início de 2000 que a soberania da Disney foi ameaçada por uma empresa que veio com uma ideia revolucionária para o mundo das animações e foi cada vez mais ganhando seu espaço com o público e crítica: a Dreamworks Animation, criada por ninguém menos do que Steven Spielberg, Jeffrey Katzenberg (que já havia trabalhado na Disney) e David Geffen.

A empresa lançou suas primeiras animações em 1998, com os elogiados Formiguinhaz e O Príncipe do Egito (vencedor de Oscar de Melhor Canção). Mas foi a partir de 2000, com A Fuga das Galinhas, que eles de fato enxergaram seu potencial para ser uma nova alternativa para o mercado.

O filme foi um grande sucesso na temporada, custando 45 milhões e faturando mais de 224 milhões nas bilheterias mundiais. Nos EUA estreou no explosivo verão, já no Brasil estreou na janela do fim do ano, repetindo o sucesso. E a crítica ovacionou o filme: 97% de aprovação no Rotten Tomatoes e uma continuação está por vir pela Netflix.

E qual o segredo desse sucesso? Era uma animação diferente do convencional. Era feita com stop motion, a mesma tecnologia utilizada em O Estranho Mundo de Jack, por exemplo e o visual era realmente incrível: os cenários caprichados eram de encher os olhos e as personagens eram feitas com massinha, dando um ar mais artesanal ao que se via em tela.

Nada que a Aardman Animations não esteja acostumada: eles foram responsáveis pelos curtas metragens de Wallace & Gromit nos anos 1990 que venceram Oscar, além do longa metragem de 2005, que também saiu premiado, além de filmes como Por Água Abaixo e Shaun – O Carneiro, por exemplo.

Mas o filme não seria nada sem uma grande história e uma das características era o foco maior para adultos do que para as crianças pequenas, o que pode ser um problema, já que este não é exatamente um filme engraçado por tratar de assuntos ou metáforas como ditadura e nazismo, mas que trouxe mais credibilidade para a trama.

O filme se passa em uma fazenda dos anos 1950 onde um grupo de galinhas é confinada e todas são obrigadas a botar ovos para sustentar seus donos. Se não botarem, são torturadas e mortas. Elas sempre organizam fugas, mas que não têm sucesso. Essa má sorte delas pode mudar com a presença de Rocky (voz de Mel Gibson no idioma original) um galo de circo que estimula as galinhas na fuga, que só aumenta a pressão delas para sair de lá quando descobrem que os donos planejam fazer tortas de frango com elas.

Apesar desse viés dramático, engana-se quem acha que A Fuga das Galinhas não tenha seu valor de entretenimento, muito pelo contrário: tem o teor cômico com a figura de Rocky e mesmo os ditos vilões têm os seus momentos, considerando que eles se mostram muito atrapalhados em diversos momentos. E como estamos falando de um filme de fuga, a ação é muito caprichada, eletrizante e não perde nada para os filmes do gênero.

E como as galinhas têm mais expressão do que muita gente por aí, torcer contra elas é praticamente um desvio de caráter, sobretudo pela nossa protagonista, a Ginger, que incentiva suas colegas a serem melhores e a derrubarem o sistema opressor – será que o filme previu os coaches?

A Fuga das Galinhas foi um filme tão bem sucedido e aceito que a Dreamworks a campanha para o Oscar 2001 e embora não tenha tido sucesso nessa empreitada, serviu de alerta para a Academia criar a categoria de Melhor Filme de Animação em 2002.

O filme se tornou uma das animações mais queridas por muitos e um jovem clássico. Tem muito mais coragem do que muitos filmes adultos em metáforas de assuntos sérios e já ficamos na expectativa para a continuação.

Vai ser difícil comer torta de frango depois dessa sessão.

Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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