Antes de falar todas as minhas impressões sobre o novo filme da franquia, Matrix 4, é bom deixar claro que Matrix sempre foi sobre uma história de amor. A tecnologia, a guerra, a inovação e tudo mais que despertou tantos debates até hoje, foram meios para um fim.
Como eu havia mencionado na minha teoria de Neo estar isolado em uma Matrix, A Matrix é um looping infinito e o ESCOLHIDO é uma falha PREVISÍVEL no sistema, que já aconteceu antes e tiveram 5 antes do Neo. Porém, ele sentiu amor por Trinity e não pela humanidade como seus antecessores. Logo sempre foi isso que definiu a história. Inclusive, vale lembrar que a Oráculo disse que Trinity iria se apaixonar pelo Escolhido.
Ao entender isso fica muito mais fácil entender tanto as continuações de 2003, quanto Matrix 4.
Matrix 4 e a metalinguagem
Uma das coisas mais inteligentes que poderia ser feita, era aproveitar toda a mitologia e o barulho que Matrix criou no mundo real e usar dentro de seu enredo. Claro que isso é um plano arriscado, fazendo com que ou as pessoas amem ou odeiem o quarto capítulo.
A solução pensada para trabalhar como citar a trilogia original dentro da história foi muito melhor do que qualquer um poderia imaginar e traz uma crítica genial ao “modus operandi” da indústria do entretenimento. Tanto a citação da trilogia quanto a produção de um quarto capítulo ajudam a direcionar a história e a explicar as decisões criativas.
Mas nem tudo funciona perfeitamente. Ao tentar explicar a trilogia original para quem talvez não possa ter visto, acaba deixando o filme um pouco arrastado em alguns momentos. Talvez fosse melhor que tivessem tomado a decisão de que este filme é feito “apenas para quem conhece o que já foi feito e se você não conhece, bem… vai conhecer“!
Isto com certeza diminuiria cerca de 40 minutos de longa, dando mais fluidez.
Quem é o Morpheus?
A pergunta mais feita por todos desde a divulgação do elenco era sobre Morpheus. Quem é este “novo” Morpheus? O ator que o interpreta, Yahya Abdul-Mateen II, havia dito que era o mesmo da trilogia principal, mas isso não fazia muito sentido. Como eu havia apontado também na teoria, Niobe também estava no filme e pelos trailers, era notório que ela havia envelhecido.
Sendo assim, a explicação de usar um “modal” da programação, onde Neo escreve o seu agente Smith com os atributos de Morpheus e que ele sofre um “despertar” explica de forma muito satisfatória a questão: ele é ao mesmo tempo um novo e o velho Morpheus.
A Atualização da Matrix
Toda a atualização na Matrix, não somente em sua programação mas eu seu próprio “programador” (mudando do Arquiteto para o Analista) e as máquinas entrando em guerra contra si mesmas (afinal prometeram liberar aqueles que quisessem) é uma evolução sensacional!
Até mesmo algumas coisas que a primeiro momento podem parecer sem sentido, como a nova cidade dos homens, servem para deixar dar base no porque Neo está, a primeiro momento, com seus poderes tão limitados. Ao dar o background do que aconteceu com Zion, como humanos e máquinas se entenderam em certo sentido e o porque Neo e Trinity não envelheceram tanto quanto os outros, evidencia que muito tempo se passou.
Neo viveu o dobro dentro desta nova Matrix do que viveu na sua “Matrix original”. Antes de despertar como o Escolhido, ele havia vivido cerca de 30 anos com sua consciência controlada. Após a guerra contra Smith e seu corpo ser levado para a cidade das máquinas, ele viveu pelo menos 60 anos nesta nova Matrix. Além disso, ele tomava dose diárias da pílula azul.
Isso tudo culmina na contenção de seus poderes, onde ele acaba tendo “explosões” para se defender. Logo ele sempre acaba agindo mais de forma passiva do que ativa.
Em Matrix 4 vemos então uma própria atualização da franquia, mas também uma releitura e um expansão do mundo. Aqueles que criticaram Matrix 2 e 3 por simplesmente estes não inovarem como o original, provavelmente não irão gostar de Resurrections. Mas também, provavelmente não entenderam a proposta das continuações: que não era inovar e sim explicar as nuances apresentadas no filme que trouxe uma revolução, através de uma história de amor.
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