Furiosa: Uma Saga Mad Max e sua ópera distópica
Furiosa: Uma Saga Mad Max chega aos cinemas brasileiros em 23 de maio com um misto de desconfiança e excitação. Eu me lembro bem de quando foi anunciado, ainda em meio ao sucesso eufórico de Mad Max: Estrada da Fúria, uma sequência focada na personagem Furiosa, interpretada magnificamente na época por Charlize Theron. Os fãs de Max Rockatansky praguejaram, enquanto os que compraram completamente a personagem, abraçaram a perspectiva de ver mais dela. No entanto, posteriormente, foi revelado que o longa seria uma história prequel e que Charlize não participaria dela. Estava plantada a sementinha da dúvida. Quase 10 anos depois da estreia do último filme, Furiosa finalmente vê a luz do dia. E que dia vibrante, que luz ofuscante. Com o retorno de personagens e elementos de Estrada da Fúria, é divertido perceber as referências dos props usados no filme anterior, além de entender como tudo culminou na insurgência de uma imperatriz da Cidadela. Furiosa: Uma Saga Mad Max Foca na Ascensão de sua Protagonista Furiosa: Uma Saga Mad Max se passa 20 anos antes de Estrada da Fúria, quando a jovem Furiosa (Anya Taylor-Joy) é capturada por uma implacável horda de motociclistas e retirada de sua terra natal, o Vale Verde, um dos poucos lugares de abundância nas terras desérticas desse mundo distópico. Anos se passam enquanto Furiosa é mantida sob a tutela do Senhor da Guerra Dementus (Chris Hemsworth), enjaulada como um animal de estimação exótico. Durante essa jornada pela Terra Desolada, tentando encontrar o lugar natal de Furiosa, agora apelidada de “Mini D”, eles chegam à Cidadela, um forte controlado pelo tirano Immortan Joe (Lachy Hulme). E é em meio a essas batalhas pelo poder que Furiosa enfrenta inúmeros desafios para tentar fugir e retornar ao seu lar em segurança. Funcionando como um spin-off e prelúdio, Furiosa: Uma Saga Mad Max expande de maneira eficiente o universo criado por Miller. É perceptível a evolução da saga desde sua estreia, lá em 1979. Em como a selvageria non sense escala de forma palpável, até culminar em uma barbárie sem fim. É curioso, inclusive, que, apesar de se passar antes dos eventos de Estrada da Fúria, esse transparece ser mais selvagem e graficamente desconfortante que seu antecessor. Talvez a maior parte desse mérito esteja na escolha narrativa. O longa se passa em 5 atos e recebe uma carga extra de melodrama, o que cria contornos operísticos à obra. A consequência disso é ambígua. Enquanto de um lado explora o universo e o torna cada vez mais rico e palatável, do outro cria momentos de calmaria pouco convencionais à franquia, que tem por característica suas cenas de ação frenéticas. Novos Rostos para Velhos Conhecidos Uma das maiores angústias dos fãs de Estrada da Fúria era a substituição de Charlize Theron no papel de Furiosa. O motivo principal é o fato da trama ser centrada na juventude da personagem. Nesse caso, a única solução seria rejuvenescer Charlize digitalmente. Porém, com as limitações da tecnologia, George Miller não se convenceu do sucesso do resultado e optou pela troca da atriz. Ficando, então, a cargo de Anya Taylor-Joy (Noite Passada em Soho) assumir o manto da imperatriz. E, apesar de não se comparar à sua antecessora, ela chega bem perto. Perto o suficiente para comprarmos sua Furiosa, que aqui ganha uma origem e solidifica o propósito mostrado em Estrada da Fúria. Porém, preciso pontuar que a evolução da personagem se dá mais no âmbito que envolve habilidades. Quanto à sua personalidade, fica claro no filme que ela sempre foi durona e determinada. Sempre agarrando as oportunidades que tinha e fazendo o melhor para tirar proveito disso. Lachy Hulme (Offspring) assume o...
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